domingo, 21 de junho de 2009

sem suras

desperto está o dia hoje onde numa pequena aldeia duas pessoas perguntam na taberna Abílio por sem suras.
"sem suras? minha menina isso não cá temos há muito tempo! tibemos, fazia-se bom negócio com elas, sim senhora, nestes tempos agora querem otras coisas, esses jobens"
"pode-me dizer onde encontrá-las?"
"poder, não posso. sabe, a política de hoje proíbe-as, aqui o zé foi apanhado há uma dúzia d´anos... com elas nos bolsos. uma desgraça, mãe suicidou-se com tamanha vergonha, mandaram os filhos pra lisboa, ele hoje anda por aí a falar sozinho, dá dó ver o pobre homem"
"onde posso encontrá-lo? pode dar-me informações, contactos"
"ai menina, tenha muito cuidadinho, que ele tá apanhadinho do juízo, tenho cuidadinho. quem lhe avisa seu amigo é"
seguem separados pelas mãos, um observa a alta serra que, à medida que os passos se sincronizam para embelezar o caminho, constrói pequenas casas, um campo de oliveiras, pedras surgem agora pela primeira vez para eles e para elas também, mas essa é outra história...mais adiante, no velho moinho encontram zé que, trata dos animais com uma doçura nas mãos enraizadas na paisagem, que bonito pensam, um sentimento que não vai de encontro com palavras mas com outras mãos que ajudam a parir um pequeno frágil cordeiro. através da leve brisa fresca que percorre toda a serra, esquece-se tudo o que não importa...

capítulo 1 "vida justificada"

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