domingo, 31 de maio de 2009

Carlos Lopes

Carlos Lopes nasceu para ser Carlos sem nunca conhecer o Lopes. Hoje aos 43 anos conheceu Lopez, companheiro de bebida e de conversas nocturnas debaixo d´O Castanheiro, uma árvore que nasceu no telhado da casa de Lucinda Raiz. Lucinda neste momento não está em casa, mas está Carlos e Lopez que desde as 22 h olham O Castanheiro.
"Tenho d´ir mijar Lopez, já volto", "e se a árvore mexe?", "prende-a", "com o quê?", "com o olho", "despacha-te, também tenho vontade", "tivesses ido antes", "mais uma e mijo na árvore", "se a Lucinda te apanha..", "tens aí uma garrafa?", "de meio litro ou litro e meio?", "tanto faz, é pra mijar lá pra dentro", "mas que vais fazer, análises?", "é, talvez a tua seja mais pormenorizada", "podes crer, deixa-me é ir mijar antes", "haha mija, homem, mija!".

O repositor

Quando faltavam caixotes havia numa velha cidade um repositor também ele velho, também ele uma cidade. Olhares costumavam percorrer as inúmeras estradas que nunca acabavam, era o tempo aí bem passado quando o ouvíamos contar histórias de outros tempos ainda tão frescos na sua memória, uma viagem ao desconhecido para nós.
"Vocês não sabem, mas eu vim do céu num caixote" contava o velhote e ria ele muito quando reparava nas nossas expressões de espanto. Costumávamos fazer apostas sobre a sua idade, sobre de que planeta teria vindo, sobre que pensava ele quando olhava o céu de olhos fechados, talvez assim conseguisse ver a sua casa.
"A nossa casa somos nós, se o quisermos" as crianças imaginavam um homem quadrado, dos olhos nasciam janelas, da boca a porta "sempre aberta?", "como entrará alguém se a porta estiver fechada?", "eu entro pela janela!", e que bela tarde aquela, nasceram homens sem casa para serem livres, para serem homens.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O Ladrão dos caixotes do lixo

Após uma manhã de vento intenso, de cabelos enfurecidos que seguem as folhas de papel como cães de guarda, surge vindo do nada um som cortante, uma criança chora sozinha numa paisagem desoladora. Como ela existem várias outras crianças, para sobreviverem juntaram-se, cuidam os mais velhos dos mais novos, só esta criança chora cá para fora, de dentro os fragmentos rejeitam ser um só, uma mão gorda e forte afaga os cabelos sujos da criança, as ondas recuam agora deixando um rasto de sal e de ansiedade dando lugar a pegadas constantes, oscilantes e ela dá a mão ao vazio apertando-o gentilmente.
Embalam as crianças, protegendo-as do frio que a noite costuma neste Inverno trazer consigo, sem ela os dias seriam insuportáveis, esmagadora realidade que não conta o tempo, cada dia é prenúncio de outro dia, nada mais. Esqueçam este dia, hoje dormem de barriga vazia, pesadelos reaparecem nos horizontes infantis, a criança cresce morta, morre sem vida, renasce todas as noites de olhos fechados, de punhos cerrados, escondidas nos sonhos as crianças brincam na rua acompanhadas dos pais, irmãos e avós.
Na hostilidade, um rebento conspira contra todos, quer viver.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Beco em vias de extinção

Num beco
que paisagem vês?
Aquela que não consigo tocar.

O ninho humano
desumaniza a sua prole.
Cresce morto.

Movem-se muralhas
em direcção a um beco.
Despedem-se.

Chega de muralhas
beco em vias de extinção.
Um buraco cresce.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Não voltar está fora de questão

Agora depois de algum vento ter levado com ele alguma insegurança, permaneço noutro lugar?
Sinto-me a mesma, vejo deste lado papagaios num céu de papel que os tingem de uma cor bela e fugidia e o vento brinca comigo, com o meu olhar com a paisagem.
Não tenho certezas mas de uma coisa sei, agora mais do que nunca não voltar está fora de questão.









A Viagem do esparguete

Caro leitor (a) vai presenciar uma das viagens que eu fiz que mais ninguém poderá algum dia contar talvez porque poucos passos são dados com o esparguete debaixo do braço. Eu faço parte daqueles que vão a um supermercado e de lá só trazem esparguete, porquê pergunta-me. De resto acomode-se e boa viagem!
Numa quinta-feira uma jovem deslocou-se a Loures, minutos depois entrou no autocarro que a levou de volta, saiu numa paragem ao pé do Pingo Doce mas não lá se dirige, vai antes ao Lidl buscar esparguete. Ao entrar engana-se, muitos conquistadores conquistaram por engano, mas a jovem não conseguiu entrar pela saída, dá meia volta, lá consegue entrar sem antes rir para o vazio e encontra-se agora dentro, observa o esqueleto deste armazém de comida, bebida e suor e apercebe-se que é muito parecido com o Plus das Caldas da Rainha, actualmente Pingo Doce.
Memórias que surgem de aventuras nos supermercados das Caldas, pelo Parque, pela Rua das Montras, pela ESAD, pelo Avenal e lá está o Plus em forma de Lidl, e volto à realidade, volto o olhar para a secção dos chocolates, em direcção ao corredor das massas.
A jovem pega num pacote de esparguete vai em direcção à caixa, paga sai e continua no seu andamento, não muito depressa nem muito devagar, mas ao subir uma encosta ao meio dia quase que corre, uma gazela na selva à mesma hora foge do predador, quem sabe se é bem sucedida...mas a jovem não sabe que a gazela corre na sua direcção num hemisfério diferente.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

nada land

vou parar por uns tempos de escrever, já que não me apetece, nem me faz nada em concreto.
vou parar na estação do nada talvez aí me entendam.

pequena história contada 2

Encontram-se lado a lado dois seres estranhos um ao outro, não falam por palavras, deixam que a natureza seja faladora o suficiente. Está um belo dia, diz um enquanto o outro desloca preguiçosamente a cabeça pra cima e pra baixo, o sol encoberto desliza tal qual o dia, quente, lento, o tempo aqui pára, só o sol e o rio se deslocam.
Aparece uma pequena embarcação distraindo o rio e os olhos que nele percorrem desde sempre, está tão longe que quase parece um brinquedo, desloca-se facilmente na minha mente, no rio. Uma criança corre, estará ela a tentar ser mais rápida que o rio? É o barco que ela quer alcançar, o barco que tão afastado de tudo está, o barco que não pára, o barco que parece um brinquedo, o barco.
Ouvem-se os pássaros, um levanta voo, leva consigo a criança ao seu brinquedo. Ambos desaparecem de vista...


quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Homem homem que come feijões de madrugada

são 4 da manhã, para uns é sinal de que ainda podem dormir mais 3 horas, para outros é o começo de um novo dia, e para outros são apenas 4 da manhã, hora de comer algo, que a barriga queixa-se ao corpo ou à mente, ao tempo que passa sem realmente passar. Porque só nós contamos os dias, as horas, os minutos?
entretanto o Homem homem aproveita a deixa e vai repousar às 6 da manhã com feijões no seu interior...talvez no sonho os feijões se revoltem.

pequena história contada

Esta pequena história passa-se num lugar onde nada existe, só a imaginação. Boa leitura!

Feito o bolo de chocolate, o rapaz olha com olhos de criança para o bolo que lhe parece perfeito à primeira vista. Pede à mãe que lhe corte uma fatia, para guardar diz, para que a possa ver todos os dias, mas o bolo não é para ser observado e sim comido responde-lhe a mãe que perplexa imagina uma fatia de bolo num quarto a ser comida pelas formigas do jardim. Mas não é justo mãe, diz o rapaz que com olhos tristes e húmidos olha para o jardim e com tanta rapidez, que a imaginação lhe perde o passo, corre com os olhos, foge com tanta pressa que quando volta para si é já de noite, o bolo fugiu comigo diz à mãe, sorrindo.

Coisas que ainda não fiz

por ordem aleatória...
1. andar de avião
2. conduzir
3. comer esparguete com colher
4. comer com as mãos num restaurante
5. sair de casa sem destino
6. sair de mim mesma
7. partilhar com um estranho
8. meter conversa com o pai natal
9. aprender a tocar piano
10. voltar a comer peixe
por ordem aleatória é isto...mais ou menos

O Homem que mija é um santo

O Homem que mija também chora, também faz birra, também se peida. Viu recentemente o seu par a mijar às avessas, achou tudo aquilo maravilhoso! Várias maneiras dos pingos caírem com a gravidade, lado a lado, ou talvez não, a gravidade nada tem a ver com a vontade de se mijar...o peso todavia ajuda.
Não tenha medo da mudança, é tão interessante quanto você.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Após e por dentro

Após este suposto terramoto, que de uma maneira invulgar me dá vida, nem sei como, mas sento-me a falar com lagos enquanto eles lá falam na sua língua materna, uns comigo outros lá se evaporam. Mas nenhum pode dizer que surgiu de mim..

confesso

Vou calar-me, e saborear!
back to nonsense..

O coração

Dele nada sei, nada que possa ser traduzido por palavras, essas são como imagens provisórias, porque não me lembro de o ver assim tão contente. Mas ele palpita, sempre o fez e agora está acompanhado de palavras, certo que nem sempre as melhores, que nadam sem se afundarem muito.
Abrem-se gavetas, lá nada está inerte, como o meu coração que se movimenta, tudo é um sonho onde ninguém necessita de falar, só de escutar silenciosamente.
Escuta esta voz
Escuta este coração

O Homem que mija 2

O Homem que mija parece que se apaixonou, mas quem é ele? É outro mijador. I wanna be a rock star...hey hey
porque não falo nem eu sei...

O voo

A viagem faz parte, da ave e do Homem, quem sabe se um dia voas comigo?
Recebe-me com um caloroso abraço e diz-me algo que venha contigo, que seja tu mesmo, como um breve bocejar antes do descanso, adormece em mim...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

e porquê falar de amor?

Comi cereais ao pequeno-almoço numa tigela partida na borda, sentada de pijama vestido mas com pés descalços, acordo o olhar para o dia mas não me lembro qual foi a primeira impressão. E porquê falar de amor? Preferi comer os cereais de olhos fechados, saboreando-o.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

"Apetecia-me abraçar-te agora, e que, no bater do meu coração, sentisse o bater do teu."

ficar assim...

Fico sem palavras, neste momento...e leio over and over again a beleza que transparece, que suavemente flutua no espaço e que transporta este coração sob movimentos oscilantes, seguros, que me faz ficar assim...

palavras ao vento embatem num grão de areia

São palavras que digo, eternamente flutuam no mesmo horizonte, nada esperam têm o mundo à sua frente, à sua volta. Quando nascem da vontade de um corpo egoísta, só morre o corpo, elas continuam nalgum sítio, presas só na mente de quem as ouviu um dia, e que hoje se lembram sem realmente se recordarem, porque a mente está dentro de paredes fechada e só vê através de vidro transparente.

yellow

vede o verde no amarelo.

Eu vejo peixes

Eu vejo peixes onde eles se mostram enquanto que uma ratazana me diz: fixe.

Uma vista sobre algo que não vemos

Abro a porta da cozinha que dá para o hall, desloco pés e pernas e braços e cabeça, os olhos fixos esses não se deslocam, presos por tecido e tendões, desloca apenas a pergunta que segue uma imagem, e só essa imagem vejo eu.

Nada de muito profundo

Preciso de concentração uns dias sim, outros não, mas por dentro de que gavetas guardar um nada? Onde surge ele, bate à porta, estou eu atrás do sofá à espreita enquanto como uma sandes de ar fresco, e nos meus olhos apenas um brilho que reflecte este entusiasmo, um prazer fora de horas, porque dentro da gaveta se encontrarão no dia certo, à hora certa.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

excertos...

" A hecatombe acontecia a uma centena de metros ali, à distância dum tiro de espingarda, mas ele - resistamos à indignação que o seu comportamento suscita e abstenhamo-nos de lhe outorgar o epíteto que indubitavelmente merecia - como se nada se passasse, com a frescura cínica de uma alface, passeia até à casa de banho para acariciar os tufos de barba frente ao espelho, espremer uma espinha da asa do nariz, cortar com a tesourita uma cã que sobressai na fonte e roça o pavilhão da orelha e, desprezando a pia da retrete, que no entanto se encontra a dois metros, desabotoa a braguilha, puxa um apêndice enrugado e pequeno, mija directamente no lavatório: um velho hábito contraído há anos, depois da lancinante dor causada pelos cálculos renais, quando o médico lhe aconselhou que controlasse a cor e a densidade da urina."

uma nova forma de mijar, no meu entender repugnante...imagina-se o cheiro! porque mais à frente, como eu não vos quero "penalizar" com mais leitura não transcrevo, este Homem não lava as mãos após o serviço, retiro daqui a breve conclusão que também não lavará o lavatório. Um Homem, meus senhores e minhas senhoras..

terça-feira, 5 de maio de 2009

sem titulo

Quando acabo de ler a última frase de um bom livro, daqueles que prometem nada e tudo reflectem, mantenho durante algum tempo um leve sorriso de satisfação. Apetece-me fazer qualquer coisa, dançar ao som de música dos anos 80, espreguiçar-me e algo mais...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Mundo não está preparado para isto

O Mundo não se encontra, ele aparece e deslumbra aqueles que nele vêem um mar, um sol, uma coisa qualquer. Mundo esse que, por meio de palavras, não se encontra preparado para isto...devo continuar?

Continente à solta

Que ousem entrar no Continente sem autorização ou não, a verdade é que o fizeram esta terça-feira.
Uma entrada espectacular, fora do normal e proibida. Um ser vivo que não segue regras, também ele ou ela um mijador nato que inocentemente entrou em busca de algo que lhe faz falta, não sei.
A verdade é que foi levado, após inúmeras tentativas por parte dos habitantes nativos de o capturar, de volta para o Sítio onde são levadas as criaturas que parecem perturbar os nativos e os turistas..excepto aqueles que viram na diferença a sua excepcional vida.


Uns pensamentos...

Quando a ilha ficar submersa
o Continente será mais Homem.

Banana que vem madura
apodrece mais rapidamente.

Uns pensamentos que derivam...um Homem que é salvo.






sexta-feira, 1 de maio de 2009

Ora esta!

Há uns dias atrás, que estupidez a minha, esperem só um bocado...fui carregar a bateria do telemóvel, pensei. Isso mesmo, um simples acto, às vezes, tal como hoje, é uma diarreia mental, mas noutros dias... a mente prende, ou então é birra, ora esta!

DIARREIA

DIARREIA.
É um facto, existe grande probabilidade de: estar alguém perto de si com prisão de ventre.
CONTUDO, a diarreia é, um mal necessário para aqueles vizinhos que puxam, puxam, puxam e nada sai. Eu pena não tenho nem vou algum dia ter...


Só mija quem precisa

Um dia são Três dias de trabalho!
Poderemos nós, ó trabalhistas, fazer um esforço e, trabalhar de seguida Um dia, e ter Três dias de descanso?
Para isso, só mija quem precisa.

O mijador perdido

Encontra-se ali um mijador. E aqui também. Mas quem é aquele que está acolá a mijar? Livre, poisa algo que tem nas mãos, mas custa-lhe a fazê-lo porque no momento em que o fizer já está feito. E pode voltar atrás mas só no pensamento. Mas, libertou o que não podia conter mais...e fê-lo sem palavras.

Continente à vista

Mais do que se possa pensar, o Homem que mija habita por entre todos nós. Enquanto acompanho o olhar na sua caminhada um outro olhar invade, com autorização, um espaço que, por opção, se torna público.
Acreditar que se está sozinho, num mundo criado para partilhar algo e cobiçar o que nos diz nada, quem pode, nos dias de hoje, estar realmente sozinho? É aqui que surge o Homem que mija, ele mija todos os dias, não tem horários, regras que tenha que seguir fielmente, tem vontade.
E nisso poderá jamais estar sozinho.